Saúde e Meio Ambiente

Lixo nas ruas aumenta perigo de leptospirose com as chuvas

Hieros Vasconcelos e Carolina Mendonça l A TARDE

Lúcio Távora/Agência A TARDE

Terreno com detritos no bairro do Costa Azul: perigo

Chuvas, alagamentos, bueiros entupidos e lixo. Esta é a combinação “ideal” para a proliferação de ratazanas na cidade, principal vetor da leptospirose, doença infecciosa que pode matar. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), de 2009 até o último dia 18, foram registrados 61 mortes por causa da doença e 454 casos confirmados na Bahia.

Os números demonstram também aumento: em 2009, foram 203 casos e 29 mortes; enquanto em 2010 foram  232 casos e 31 óbitos (alta de 14,2% em casos e de 6,8% nas mortes) – sendo 17 óbitos em Salvador. Este ano, até o dia 18, o órgão registrou 19 casos, com uma morte, em Itabuna (a 433 km da capital).

A chegada das chuvas aumenta a preocupação da população. O aposentado Eliziário Andrade, 61, morador da Rua Ipirá, no Rio Vermelho, há anos reclama do excesso de lixo num contêiner que fica quase no meio da via pública. “Essa situação dura mais de cinco anos. Quando chove, vemos ratos passando, alguns entram na garagem e, vez ou outra, surge em algum apartamento”, relata.

Moradora da mesma rua, Camila do Amaral reforça: “Esse lixo é um absurdo. Além do mau cheiro, pode trazer doenças”.

Na Rua da Alegria, nos Barris, a situação não é diferente. O dono do Pinheiro’s Bar e Restaurante, Alberto Pinheiro, conta que, nos últimos quatro anos, o lixo tomou conta do local. “Trabalho aqui há 26 anos, mas o lixão começou há uns quatro anos. Muita gente não colabora, mas há vezes que ficamos uma semana sem coleta aqui”, reclama.

Por causa da sujeira, ele conta que ratos e ratazanas são constantes à noite. “O tempo todo. Eu coloco ratoeira e veneno em todos os cantos, inclusive na frente do estabelecimento”, acrescenta.

De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses de Salvador (CCZ), não há números precisos sobre a população de roedores da cidade.

Sacos - Para a bióloga Helena Farias, responsável pelo controle de roedores de Salvador no CCZ, o rato é atraído por comida em bom estado dos sacos de lixo que, muitas vezes, são abertos por catadores de recicláveis.

“Roedores têm hábitos noturnos. Quando aparecem de dia, atrás de alimentos, água ou abrigo, pode ser um indicativo de que a área tenha alto índice de infestação”, explica a especialista.

O índice de infestação dos animais é definido após vistorias periódicas do CCZ nos bairros, a fim de detectar trilhas, tocas e fezes. Quando o índice (baseado na tabela Centro de Controle de Doença e Prevenção, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos) passa dos 25%, é feita a desratização, com venenos à base de hidróxido cumarina.

Quando há caso de leptospirose, equipes vão ao bairro onde a vítima se contaminou para realizar a desratização.

Como afastar ratos de casa e das ruas 

Higiene - É fundamental não deixar lixo exposto

Acesso negado - Não facilite a entrada dos roedores em casa, cobrindo frestas e as saídas das tubulações. Mantenha sempre ralos e tampas de bueiros firmemente encaixados e sem brechas

Sem atrativos - Não deixe alimentos ou resíduos em vasilhames para animais de estimação durante a noite. Limpe-os diariamente

Comida - Acondicione os alimentos corretamente, em vasilhas com tampa ou em embalagens bem lacradas

Sem abrigo - Mantenha a grama aparada e elimine o mato de jardins, para que não sirvam de toca para
os roedores

Proteção - Use luvas (ou sacos plásticos para cobrir as mãos) e calce botas ao fazer a limpeza de fossas, áreas com lixo ou no caso de precisar caminhar em poças d’água ou manusear objetos retirados de áreas alagadas

Saúde - Evite andar descalço, em áreas externas das residências ou nas ruas nos períodos de chuva. Se houver alagamentos, as botas devem ser de cano alto, evitando qualquer contato da pele com a água, que pode estar contaminada

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5701845